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A CADEIA DE BENEFICIAMENTO DA BATATA-RENA (PDAC)

Por: Honoré Cassinda, Cadeia de Valor.

Introdução e importância económica

A batata-rena (Solanum tuberosum L.) é originária dos Andes peruanos e bolivianos onde é cultivada há mais de 7.000 anos. Estima-se que mais de um bilhão de pessoas consomem batata diariamente no mundo. Sua produção mundial anual supera 330 milhões de toneladas em uma área de 18 milhões de hectares. Recebe diferentes nomes conforme o local: araucano ou poni (Chile), Iomy (Colômbia), Papa (Império Inca e Espanha), Patata (Itália), Irish Potato ou White Potato (Irlanda).

A FAO [Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação] (2011) refere que a cultura da batata ocupa a terceira posição mundial como fonte de alimento vegetal, sendo superada apenas pelo milho e trigo, e é a primeira commodity não grão no ranking mundial. O País maior produtor de batata-rena é a China, seguido da Rússia, India, Ucrânia e Estados Unidos.

Composição

A batata é um alimento basicamente energético; porém, é também rico em proteínas e importante fonte de sais minerais. O tubérculo é composto de cerca de 80% de água, seguido de carboidratos (cerca de 16%), principalmente amido que, em suas diferentes formas, são absorvidos pelo organismo como glicose, após hidrólise enzimática. De 1% a 2% constitui-se de fibra, concentrada na pele (casca), e entre 0,1% a 0,7% de açúcares simples, como glicose, frutose e sacarose. Após os carboidratos, as proteínas são os nutrientes mais abundantes no tubérculo, com cerca de 2% de sua composição.

Clima

As melhores produções de batata têm sido observadas em regiões de fotoperíodos longos (período de maior intensidade de luz) e temperaturas amenas (15 °C a 20 °C), durante a estação de crescimento. Em condições de fotoperíodos curtos (período de maior intensidade de luz), as cultivares tardias são mais afetadas que as de maturação precoce, enquanto em temperaturas moderadas há maior efeito do fotoperíodo em cultivares de ciclo longo.

A cultura da batata requer temperaturas amenas para que ocorra tuberização abundante, que garanta boa produtividade aliada à qualidade de tubérculos. A temperatura ideal para o cultivo da batata já foi bastante estudada. Embora haja divergência de valores, a faixa de 10 ºC a 22 ºC representa a maioria dos resultados obtidos em várias partes do mundo. A maioria das cultivares comerciais tuberiza melhor em temperaturas médias pouco acima de 15 ºC. Dados mais precisos apontam esta faixa entre 15 °C e 18 °C, e que temperaturas noturnas acima de 22 °C reduzem significativamente a produção de tubérculos.

Nas condições edafoclimáticas de Angola as províncias bem-sucedidas na produção da cultura da Batata-rena estão localizadas no planalto central do Huambo, Bié e Huíla, no interior das Províncias do Cuanza Sul, Cuanza Norte e Malanje

Solos – Escolha da Área e Preparação do Solo

A batata pode ser cultivada em solos que ofereçam condições para o adequado crescimento do sistema radicular e dos tubérculos. O sistema radicular da planta da batata é relativamente delicado e raso, podendo desenvolver-se até 1,0 m de profundidade; porém, com maior concentração na camada de 0 a 30 cm. Os tubérculos também se desenvolvem na camada mais superficial. Estas características contribuem para que a cultura seja exigente em fertilidade do solo e altamente responsiva a adição de nutrientes. Além disso, o preparo do solo, plantio e amontoa devem ser feitos de tal forma que garantam não só a emergência rápida das plantas, mas também a penetração das raízes na maior profundidade possível e boa drenagem.

Também é importante que os tubérculos em desenvolvimento encontrem condições favoráveis e permaneçam cobertos com solo suficiente, pois aqueles expostos à luz tornam-se verdes e são facilmente atacados por insetos e patógenos.

Batata Semente

A batata-semente é um fator fundamental para garantir a qualidade e a produtividade na cultura da batata. O plantio de batata-semente de má qualidade pode comprometer uma safra, mesmo que todas as outras condições sejam altamente favoráveis ao cultivo. Portanto, recomenda-se a utilização de uma batata-semente com boa sanidade, estado fisiológico e brotação adequada.

Figura 1: Semente de batata-rena pronta para sementeira na Fazenda MATI

A boa sanidade da batata semente é proporcionada pelas práticas relativas na colheita, seleção, beneficiamento e embalagem, bem como no processo de armazenagem, garantindo níveis toleráveis de doenças conforme padrões previstos em normas oficiais. É necessário também que a batata-semente se apresente em bom estado fisiológico e bem conservada, isto é, colhida na época adequada, túrgida e firme. Deve-se evitar a utilização de tubérculos esgotados e murchos, indicativos de uma idade fisiológica muito avançada. O plantio desses tubérculos mal conservados resulta em plantas pouco vigorosas e ciclo vegetativo mais curto, comprometendo seriamente a produção.

Dados de produção da batata-rena em Angola

Segundo dados da campanha agrícola 2021-2022 publicados pelo Ministério da Agricultura e Florestas, do Governo de Angola, a média de produção de batata-rena por hectare situa-se a volta de 10 ton/ha (toneladas por hectare) considerando as Explorações Agrícolas Familiares (EAF) e as Explorações Agrícolas Empresarias (EAE).

Figura 2: Produção de batata na Fazenda MATI

Embora esses níveis de produção estejam muito abaixo das produções registadas a nível da África Austral, cujas médias situam-se nas 37 ton/ha (África do Sul), 21 ton/ha (Maurício), 20 ton/ha (Zâmbia. Malawi)

Produção da batata em África

De acordo com as análises da FAOSTAT [Banco de Estatísticas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura] (2021), de quase 362,4 milhões de toneladas de batatas produzidas no mundo, apenas cerca de 25 milhões de toneladas em média (7%) são produzidas por África. O crescimento da produção de batata em África não é tão persistente, e pesquisas mostram uma diminuição de 9% em 2016, uma constante de 5% aumento em 2017 e 2018, um aumento de 4% em 2019 e uma diminuição de 1% em 2020.

De acordo com o Centro Internacional da Batata (2018), a produção de batata triplicou de 1994 a 2011, e isso poderia ser aumentado em 140% se o problema dos baixos rendimentos pudesse ser resolvido. O rendimento médio das batatas colhida por hectare em África entre 2016 e 2020 foi de 15 ton/ha.

A Figura 3 apresenta os rendimentos médios obtidos por hectare pelos países africanos, que são iguais ou acima da média continental. A África do Sul é a mais alta com 37 ton/ha e Moçambique é equivalente à média continental de 15 ton/ha (a mais baixa).

Figura 3: Rendimento médio por hectare em países da África austral (2016-2020).
Fonte: FAOSTAT (2021)

Produção da cultura da batata-rena no Corredor B

Esta importante cultura foi introduzida em fevereiro de 2022 como uma Cadeia de Valor prioritária para elaboração de Planos de Negócios devido a sua importância económica e como sendo uma cultura de rendimento e com valor comercial no mercado nacional e assim tornando-se das principais fontes de alimentos para as nossas populações.

São aqui referenciadas as evidencias constatadas da produção de batata-rena no Corredor B do PDAC que correspondem as Províncias do Cuanza Sul, Huambo, Bié e Huíla, onde já estão a ser implementados projectos de produção dessa Cadeia de Valor em Planos de Negócios da janela Principal do PDAC, mas também na janela PDAC Jovem.

A Janela principal diz respeito a fazendeiros beneficiários de financiamento co-participado e que tenham condições de participar do Plano de Negócio em até no mínimo 10% do investimento total com auxílio da banca comercial que participa por via do crédito bancário. Aqui são referenciados quatro beneficiários da Província do Cuanza Sul com rendimentos relativamente satisfatórias comparativamente às produções registadas na campanha agrícola 2021-2022.

A figura 4 faz referência às produções registadas no Corredor B até ao momento.

Figura 4: Rendimento médio obtido em quatro beneficiários da janela principal do PDAC

A janela PDAC Jovem surge como uma modalidade de financiamento para valorizar e dar oportunidade aos jovens, por serem a franja da população rural com maiores dificuldades em obter património com condições de poder ser apresentado às instituições financeiras servindo como garantia na obtenção de empréstimos bancários.

Nesse sentido a janela que beneficia os Jovens do género feminino e masculino financiou produtores com experiência no domínio do cultivo da batata-rena. A título de exemplo, mencionamos aqui o caso do jovem que colheu 32 toneladas de batata-rena no espaço cultivado de 1,4 hectares.

Figura 5: Rendimento da colheita em ton/ha – PDAC Jovem Huambo.

Na primeira época da presente campanha agrícola, dez (10) Jovens da Província do Bié, dois (2) do Huambo e dois (2) da Huíla colheram no total 179 toneladas de batata-rena numa área de 15 hectares. Em média, o rendimento médio situou-se nas 10.10 ton/ha, como se pode observar na Figura 6, a seguir:

Figura 6: Rendimento dos beneficiários do PDAC Jovem

Conclusões

Face ao exposto acima, de acordo com os dados recolhidos dos beneficiários do Projecto, podemos prognosticar que a Cadeia de Valor da batata-rena, no que diz respeito a produção, é satisfatória. Embora esteja aqui representado um número ainda incipiente de produtores, mas também considerando que esta cultura pode ser produzida três vezes ao ano desde que seja feito o maneio adequado no processo produtivo

O desafio existente e que merecerá a devida análise futura diz respeito a pós-colheita, nomeadamente a Cadeia de transporte, conservação e industrialização. Mediante este desafio uma questão se levanta:

As quantidades produzidas são suficientes para a indústria transformadora?

Se verificarmos o histórico da produção mundial assinalamos que há muita demanda nesse produto, pelo que devemos aumentar os nossos níveis de produção e produtividade.

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