https://pdac.ao/

A CULTURA DA SOJA NO ALAVANCAR DO AGRONEGÓCIO EM ANGOLA

Por: Engº. Hélio Tiago Msc, Representante Provincial do PDAC no Huambo.

INTRODUÇÃO

A soja, uma planta originária da Ásia, é amplamente cultivada globalmente devido a sua alta produção de proteína e óleo, usados na alimentação humana, animal e na indústria. O Estados Unidos da América, Brasil, Argentina e China, concentram cerca de 90% da produção mundial, sendo também os maiores exportadores. Os principais importadores são a China, União Europeia, México, Japão, Tailândia, Indonésia e o Egipto. Em Angola, os cultivos de soja têm importância social, política, económica e tecnológica, oferecendo aos produtores oportunidades de diversificação de renda, conhecimento em tecnologia e fornecimento de insumos para outras cadeias, como a produção de carne. A expansão desse cultivo pode alterar a estrutura económica do país, impulsionando sectores como a avicultura e a pecuária, além de criar actividades económicas. O estudo das cadeias de produção da soja pode fornecer insights sobre seu encadeamento técnico e económico, especialmente por uma commodity com alta demanda internacional. Este artigo tem como objetivo analisar o papel da cultura da soja no contexto do agronegócio em Angola, investigando seu potencial como impulsionador do desenvolvimento económico e social do país.

METODOLOGIA

Como pano de fundo deste artigo, apresentamos uma revisão bibliográfica da cultura da soja no contexto do agronegócio de Angola e seu potencial para impulsionar o desenvolvimento socioeconómico do país. Inicialmente, foi feita uma ampla pesquisa com bases de dados acadêmicas, artigos científicos, relatórios e outras fontes relevantes onde foi possível selecionar estudos pertinentes e atualizados. Os materiais selecionados foram analisados para extrair informações sobre o cultivo da soja em Angola, incluindo sua história, desafios e oportunidades. Uma avaliação crítica do alavancar actual da cultura da soja no agronegócio angolano foi realizada, considerando aspectos como produção, mercado e políticas governamentais. Por fim, uma avaliação do potencial da cultura da soja para impulsionar o desenvolvimento socioeconómico, identificando áreas de crescimento, impactos esperados e benefícios socioeconómicos.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados da pesquisa demonstraram que, tanto os países do continente africano, incluindo Angola, a cultura de soja apresenta uma expansão e um crescimento consideráveis; entretanto, as produtividades ainda se mostram baixas na maioria dos países, pelo simples facto de ser empregue baixo nível tecnológico. A produtividade média da soja em Angola varia entre 0,85 e 1,26 t/ha, e a produção média anual nos últimos 10 anos foi de 39 mil toneladas, o que demonstra que o caminho para que a cultura se torne uma actividade de referência para o crescimento do agronegócio angolano é ainda longo. Por outro lado, os produtores de soja encontram-se na fase inicial de conhecimento da cultura, com baixo domínio dos processos de produção; logo, os aspectos produtivos se apresentam em estágios menos desenvolvidos pela fraca intensificação dos pacotes tecnológicos e que estes necessitam de maior aprimoramento e mais disseminação, para que a cultura da soja se torne uma alternativa viável tanto para os produtores como para o desenvolvimento do tecido económico do agronegócio nacional.

Angola nos anos que se seguiram a independência, dependeu fortemente do petróleo como sua principal fonte de receita. No entanto, a volatilidade dos preços do petróleo e a necessidade de reduzir a dependência de uma única commodity destacam a importância da diversificação económica. A introdução e expansão da cultura da soja oferecem uma oportunidade para diversificar a base económica do país, criando um sector agrícola mais robusto e resiliente.

A soja é uma cultura versátil e de alto rendimento, capaz de crescer em uma variedade de condições edafo-climáticas. Ao se apostar no investimento da produção de soja, Angola pode aumentar sua área de produção agrícola, contribuindo para o abastecimento interno de alimentos e de subprodutos derivadas, reduzindo as necessidades de importação.

Geração de Empregos e Desenvolvimento Rural

O cultivo da soja envolve várias etapas, desde o plantio até a colheita e processamento. Isso cria oportunidades de emprego em toda a cadeia de valor agrícola, incluindo agricultores, trabalhadores rurais, processadores de alimentos e distribuidores. Além disso, o desenvolvimento da cultura da soja pode estimular o crescimento económico em outras áreas do desenvolvimento rural, onde a agricultura é frequentemente uma fonte importante de subsistência.

Segurança Alimentar

A produção interna de soja pode contribuir significativamente para a segurança alimentar em Angola. A soja é uma importante fonte de proteína vegetal, amplamente utilizada na alimentação humana e animal. Ao aumentar a produção doméstica de soja, Angola pode reduzir sua dependência de importações de alimentos e garantir um suprimento mais estável de proteínas para sua população.

Exportações e Receitas Cambiais

Além de atender à demanda interna, Angola pode explorar a cultura da soja como uma oportunidade de exportação. A soja e seus derivados, como óleo e farelo, têm demanda global crescente, especialmente em mercados emergentes. As exportações de produtos de soja podem gerar receitas cambiais adicionais para o país, fortalecendo sua posição económica regional e internacional.

CONCLUSÃO

A produção de soja em Angola não é tão significativa em comparação com outros países africanos ou até mesmo com os maiores produtores em larga escala, como o Brasil, Estados Unidos da América e a Argentina. No entanto, nos últimos anos, tem havido um interesse crescente na expansão da produção agrícola do cultivo da soja. Fruto desta observação verifica-se pelo facto de a soja fazer parte da cadeia de valor prioritária de financiamento do projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial -PDAC.

Angola possui áreas de terra arável e condições climáticas que podem ser favoráveis ao cultivo de soja. A região centro e sul do país, em particular toda aquela que se produz milho, pode ser adequado para o cultivo dessa cultura. No entanto, a infraestrutura agrícola em Angola ainda está em desenvolvimento, e o sector enfrenta desafios significativos, como acesso limitado as tecnologias agrícolas modernas, escassez de infraestruturas de apoio e de transporte e constrangimentos de acesso ao financiamento ao sector agrícola.

Para promover o crescimento da produção de soja e de outras culturas agrícolas, o governo angolano deve implementar políticas e iniciativas para incentivar os investimentos no sector agrícola, melhorar a infraestrutura rural e facilitar o acesso ao crédito para os agricultores. Além disso, parcerias com países ou empresas que possuam experiência e Know how na agricultura, podem ser exploradas para auxiliar no desenvolvimento do agronegócio.

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

  1. 9ª Conferência Internacional sobre Soja Responsável. Foz do Iguaçu, Brasil. TechnoServe.
  2. A soja em Moçambique: estradas e galinhas. Cultivo de soja no continente africano: evidências contemporâneas baseadas em produtores moçambicanos Revista de Economia e Sociologia Rural, 59(2): e217894, 2021 20/20 Obua, T., Namara, M., & Muchunguzi, P. (2014).
  3. Costa, N. L., & Santana, A. C. (2015). Exports and market power of the soybean processing industry in Brazil between 1980 and 2010. African Journal of Agricultural Research, 10(26), 2590-2600.
  4. Costa, N. L., Santana, A. C., Bastos, A. P. V., & Brum, A. L. (2014). Desenvolvimento tecnológico, produtividade do trabalho e expansão da cadeia produtiva da soja na Amazônia Legal. In A. C. Santana (Ed.), Mercado, cadeias produtivas e desenvolvimento rural na Amazônia (1. ed., Vol. 1, pp. 81- 112). Belém: UFRA.
  5. Davis, J. H., & Goldberg, R. A. (1957). A concept of agribusiness. Boston: Division of Research, Graduate School of Business Administration, Harvard University. Dias, D., & Amane, M. (2011). Yield response of soybean genotypes to different planting dates in mozambique. In African Crop Science Conference (pp. 539-541).
  6. Dela campagne du soya à la campagne d’éducation sanitaire intégrale. In Proceedings of Séminaire National sur le Soja. Kananga: Comité de Coordination pour le Développement em République du Zaire and Comité Diocésain de Développement Intégral de Kananga. Vieira Filho,
  7. (2014). O agronegócio da soja nos contextos mundial e brasileiro. Brasília. Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO.
  8. , Costa, N. L., Santana, A. C., Mattos, C. A. C., & Oliveira, G. N. O. (2017). Análise de Viabilidade Econômica da implantação de unidade de armazenamento de grãos com linha de crédito subsidiada pelo Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). Custos e Agronegócio On Line, 13, 386-408.
  9. (2018). Area harvested, yield and soy production in Africa. Recuperado em 18 de dezembro de 2018, de http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC Gil, A. C. (2002).
Anterior Banco Mundial aprova Planos de Gestão Ambiental e Social, no âmbito da componente 1 do PDAC

SEDE DO PROJECTO

REPRESENTAÇÃO MALANJE

Gabinete Provincial da Agricultura

Telefone: +244 923 013 146

Email: malanje@pdac.ao

REPRESENTAÇÃO C. NORTE

Gabinete Provincial da Agricultura

Telefone: +244 923 436 792
Email: cuanzanorte@pdac.ao

REPRESENTAÇÃO C.SUL

Gabinete Provincial da Agricultura

Telefone: +244 923 319 662
Email: cuanzasul@pdac.ao

REPRESENTAÇÃO HUAMBO

Gabinete Provincial da Agricultura

Email: huambo@pdac.ao

REPRESENTAÇÃO HUÍLA

Gabinete Provincial da Agricultura

Email: huila@pdac.ao

REPRESENTAÇÃO BIÉ

Gabinete Provincial da Agricultura

Email: bie@pdac.ao

© 2024 PDAC Angola | Todos os Direitos Reservados